O mundo cão do futebol carioca

Sem glamour e em condições precárias, a Segundona começa hoje



Não tem Maracanã, nem Engenhão. A dura realidade da Segunda Divisão do futebol carioca passa bem longe dos dois melhores estádios da cidade. A partir de hoje a bola rola na competição que reúne 17 clubes e apenas os dois primeiros sobem para a Série A em 2011. O São Cristóvão, único participante que tem um título carioca em seu currículo - o de 1926 -, entra em campo hoje para enfrentar o CFZ no Louzadão, em Mesquita, e a precariedade total que os clubes precisam encarar na Segundona.

Quem chega ao Estádio Nielsen Louzada se depara com o completo abandono já na fachada, onde os tijolos da parte inferior da arquibancada se deterioram gradativamente. Por dentro, a sensação é de um filme de terror. Obras inacabadas, com vergalhões à amostra e infiltrações por toda a parte. Atrás de um dos gols, um vira-latas parecia pouco se incomodar com o treino de reconhecimento do São Cristóvão.

O que ainda resta do gramado, aos poucos, vem sendo substituído por um matagal que começa atrás dos gols e avança em direção à arquibancada. Por isso, fica difícil imaginar que o local seria capaz de receber sequer um torcedor. Os vestiários, com sanitários quebrados e imundos, e os bancos de reservas enlameados e sem conforto, apenas completam a melancolia de segunda. "Temos um laudo dos bombeiros liberando o estádio para 2 mil pessoas. Infelizmente não tivemos tempo para melhorar o local, mas não teremos público nesta partida, já que o CFZ recebeu uma punição da Federação e terá de jogar de portões fechados", disse José de Jesus, representante e conselheiro do Mesquita.



Mas esse é só mais um exemplo de descaso, muito comum na Série B. Poucos clubes da divisão de acesso podem se orgulhar de terem um bom lugar para mandarem seus jogos. Uma das exceções, o São Cristóvão prefere não reclamar dos percalços e encarar o desafio. "Um clube gasta em média R$ 600 mil para disputar este campeonato que, por si só, já é deficitário. O que segura a onda são patrocínios e nada mais. Gastaremos aproximadamente R$ 3,5 mil com despesas de jogo e, quando tem renda, não passa de R$ 500. É mesmo muito complicado", salientou Guto Santos, gerente de futebol do São Cri-Cri.

A crise financeira é tanta que clubes como Estácio, Teresópolis, Miguel Couto, Serrano, Rio das Ostras e Cardoso Moreira simplesmente desistiram da competição por dificuldades financeiras, o que obrigou a Ferj a elaborar uma competição com 17 equipes, divididas em dois grupos. Enfim, o campeonato vai começar, difícil é saber se vai terminar bem.

Roma é o cara no São Cri-Cri
Com folha salarial mensal de R$ 46 mil, o São Cristóvão aposta no baixinho Roma - o maior salário da equipe, com R$ 3,5 mil - para voltar à elite do futebol do Rio depois de 15 anos. Revelado pelo Flamengo em 2000, o atacante, que um dia já foi comparado com Romário pela baixa estatura (1,68m) e semelhança física, rodou meio mundo e desembarcou em Figueira de Melo pronto para ajudar o São Cri-Cri.

"Depois do Flamengo, joguei na Coreia do Sul, México, Bélgica, Portugal e tinha proposta do Nordeste, mas dei prioridade ao São Cristóvão para permanecer no Rio e ficar perto da minha família", comentou o camisa 11, 30 anos, que será comandado pelo técnico Gérson Andriotti, ex-jogador do Fluminense e que já dirigiu, entre outras equipes, o Paulista e o Brasiliense.


1ª Rodada

Grupo A
Cabofriense x Fênix
CFZ do Rio x São Cristóvão
Portuguesa x Nova Iguaçu
Quissamã x Mesquita

Grupo B
Profute x Itaperuna
Sendas x Ceres
Angra dos Reis x Sampaio Correa
Goytacaz x Bonsucesso

Folga: Artsul
*Os 17 clubes se enfrentam em turno e returno dentro dos grupos e os cinco primeiros colocados de cada avançam para a fase final.

Cara de um, focinho do outro

Eurico Miranda poderia muito bem ter deixado a presidência do Vasco e andar por aí, curtindo sua aposentadoria e torcendo, agora, pelo Fluminense. Né, não? Os mais desavisados com certeza pensariam que é ele, o próprio Eurico. Mas calma, não é ele. Esse senhor em questão, apelidado de Eurico da Fiel Tricolor, é apenas muito parecido. Mas o coitado não tem culpa disso e odeia charutos, diferentemente do Eurico verdadeiro. Mas cá para nós, vai se parecido assim lá no inferno...

América quase lá

No último sábado, o América deu um importante passo para garantir sua volta à Primeira Divisão do Campeonato Carioca. No Maracanã, venceu por 1 a 0 o Olaria e assumiu a primeira colocação isolada da Série B com 22 pontos, dois a mais que o Olaria e quatro a mais que o Sendas, terceiro colocado, que ficou no empate por 2 a 2 com o Bonsucesso, em Teixeira de Castro. O América volta a campo na quarta-feira para enfrentar o Goytacaz, às 16h, no Estádio Ari de Oliveira e Souza, em Campos.

O primeiro tempo foi muito fraco e só ganhou emoção depois da expulsão de Calisto, do Olaria, que fez falta em Gérson. No segundo tempo, com um homem a mais, o América abriu o placar aos 30 minutos, em cobrança de falta perfeita do apoiador Diguinho.

A partir de então, o América pressionou e o Olaria ainda teve o goleiro Angelo expulso, depois de cometer falta fora da área. Como o técnico Amílton de Oliveira já tinha efetuado as três alterações, o zagueiro Nil teve de ir para o gol.

Estádio: Maracanã

Árbitro: Marcelo de Lima Henrique

América: Roberto; Bruno Leite (Claudemir), Ciro, Naílton e Gérson; Junior, Osmar (Léo), Diguinho e Têti (Da Costa); Alexandro e Adriano. Técnico: Clovis de Oliveira

Olaria: Angelo; Ivan, Tinoco, Diego e Calisto; David, Araruama, Juninho (Renato Volpaços) e Flamel (Aleílson); Cacá e Hevandro (Nil). Técnico: Amilton Oliveira

Gols: Diguinho (27') – 2º tempo

Cartão amarelo: Bruno Leite, Naílson, Gerson, Osmar, Adriano (América); Tinoco (Olaria)

Cartão vermelho: Angelo e Calisto (Olaria)

Hora de decisão

Cada minuto é precioso para quem luta por uma vaga na Primeira Divisão do Estadual de 2010. E América e Olaria sabem muito bem disso. Os dois clubes, que se enfrentam hoje, às 15h45, no Maracanã, na abertura do returno da fase final da Série B. Os dois clubes já traçam planos para o jogo que vale a liderança isolada da competição, uma vez que o time da Rua Bariri está na ponta com 20 pontos, seguido pelo Diabo, com 19.
“Fizemos um trabalho específico para esse jogão. Estamos numa crescente e cada atleta que colocamos em campo tem tido um rendimento maravilhoso. Então, vamos com a força máxima e cientes de que teremos um adversário difícil pela frente”, disse o técnico americano Clóvis de Oliveira.
Do outro lado, o treinador Amilton Oliveira sabe os problemas que terá pela frente contra o América no maior estádio do mundo e, por fim, elogia o time montado pelo adversário. “Será um jogo muito complicado. Tenso. As duas equipes brigam pela liderança, e o América é um time muito bem armado e bem treinado pelo Clóvis. Não dá para fazer muitas previsões, mas é certo que será uma partida bastante equilibrada”, frisou Amilton, que não vê favoritismo por estar na liderança.
“Apesar de estarmos na frente, o campeonato está aberto. Nessa fase final, tem muitos adversários que nos venceram na primeira fase e que possuem melhor campanha do que o Olaria no geral. Por tanto, não podemos menosprezar ninguém”, afirmou o comandante alvianil.
No embalo das palavras de Amilton, Clóvis ainda fez uma ressalva: “É muito difícil estar entre os primeiros nesse campeonato tão equilibrado, mas temos que dar alegria a nossa torcida maravilhosa. Aqui no América não se fala em título e, sim, em estar entre os dois primeiros que se classificam à elite. Respeito todos os adversários, mas estamos preparados para tudo”, completou.

O América está escalado com Roberto, Claudemir, Luis Antonio, Daniel Mello e Gérson; Márcio, Junior, Diguinho e Têti; Alexandro e Adriano. Já o Olaria vai a campo com Ângelo, Ivan, Diego, Tinoco e Calisto; David, Juninho, Araruama e Flamel; Hevandro e Cacá.

Tragédia



A cada rodada fica evidente a fragilidade do Fluminense e o caminho para a Segundona vai se delineando. O Botafogo, tomado por uma "inveja", não deixa por menos e faz questão de povoar a zona do rebaixamento do Campeonato Brasileiro. Contaminados com o complexo de Alice - no país das maravilhas - alguns tricolores ainda acreditam na salvação e que nada está perdido, até porque os números dizem isso. Então, vamos aos mentirosos números.
Segundo o site do matemático Tristão Garcia, o Flu possui 96% de chance de queda para a Série B (20º, com 26 pontos). Seis pontos à frente e na 17ª posição, o Alvinegro aparece com 51%. Analisando friamente os dados, vemos que, estatísticamente, o Tricolor ainda tem chance de escapar. Porém, pecrisa de um milagre do tamanho do continente americano - com Barack Obama e tudo mais que puder ajudar.
Não gosto de ditados populares e nem frases feitas, mas costumam dizer que em quanto há vida, há esperanças... Sinceramente, não há esperança. Não existe sorte ou azar. Existe trabalho sério e bem feito. E isso passou longe de Flu e Bota este ano. Contratações erradas, trocas de técnicos precipitadas, impaciência de torcedores e, por que não, corpo mole de um ou outro jogador.
Espero que a lição seja aprendida e que o ano de 2010 seja melhor. Porque, sinceramente, o de 2009 já acabou há muito tempo.

O início do fim do jornal impresso

Antes de mais nada, preciso dizer: não sou pessimista. Mas trago-lhes um bom documentário que, se não nos assusta por tratar de uma forma tão óbvia o fim do jornal de papel, pelo menos nos faz refletir acerca do tema que é polêmico e atual. Confesso ainda não estar preparado para o 'fim', mas resignado de que, um dia, isso acontecerá de forma inevitável. Como fã e leitor dos tradicionais periódicos impressos, espero que ainda não seja em 2014.

Vasco já está mais perto da Série A do que o Fluminense


Chegou a hora de abraçar a tabela de classificação do Campeonato Brasileiro e não tirar o olho da calculadora. Com o início do segundo turno e a reta final da competição, resta a Fluminense, Botafogo e Flamengo apegarem-se aos números: o que deve ser feito para espantar o fantasma do rebaixamento? Em contrapartida, os vascaínos têm motivos de sobra para comemorar. Na ponta da Série B, com 39 pontos, o Vasco caminha rumo à elite, com 89% de chances de acesso. Ou seja, está mais perto da Série A em 2010 do que o Fluminense, que tem 90% de chances cair. A chance de um carioca cair é de 97%. A queda dos três juntos é improvável: apenas 3%.

A julgar pelo desempenho recente, a coisa anda mesmo nebulosa. O último a conquistar três pontos foi o Flamengo, que no dia 9 bateu o Corinthians, por 3 a 1, pela 18ª rodada, no Maracanã. O Flu venceu pela última vez na 17ª: 5 a 1 sobre o Sport. Já o Botafogo triunfou sobre o Barueri, por 2 a 1, no Engenhão, apenas na 16ª rodada do Brasileiro. Na lanterna, com 16 pontos, o Fluminense necessita de um milagre para não voltar à Série B em 2010. Segundo o matemático Tristão Garcia, o Tricolor precisa de 29 dos próximos 51 pontos a serem disputados — 10 vitórias em 17 jogos — para alcançar 45, que é a média de salvação se forem levados em conta 2007 e 2008, quando Corinthians e Figueirense foram rebaixados, com 44, em 17º.

Já o Botafogo respira um pouco mais, em 18º, com 21 pontos ganhos. Amparado no jogo adiado da 11ª rodada, contra o Cruzeiro, no Engenhão, o Alvinegro possui cerca de 43% de possibilidade de cair, mesmo habitando o abismo. O Glorioso precisa de 24 pontos, em 17 jogos: oito vitórias.

O Flamengo pode até ainda sonhar com o título, mas convém não tirar o olho da ‘zona maldita’, pois, com 27 pontos, na 14ª posição, o Rubro-Negro acumula 17% de chance de queda, índice alto para quem tem Adriano e outros jogadores com passagem pela Seleção.


Caminhada tranquila

No Cruzmaltino, a conta é outra: quanto falta para o torcedor poder gritar “o Vascão voltou”? Com 89% de chances de subir, o Vasco segue tranquilo sua caminhada e precisa de mais 26 pontos, dos 57 que ainda serão disputados. Levando-se em conta os dois últimos anos, quando Barueri, em 2008, e Vitória, em 2007, subiram em 4º lugar, com 63 e 59 pontos, respectivamente, os vascaínos já se enchem de alegria e sabem que, em 2010, o time será de primeira.


Fonte: O Dia